Dúvidas Frequentes

Mensagem para os pais

A “moleira” fechada é um problema sério?

O crânio deve ser entendido como um órgão vivo e muito dinâmico que sofre mudanças significativas em sua forma e tamanho nos dois primeiros anos de vida. E isso se deve ao crescimento constante do cérebro, cada vez mais rico em conexões e ávido por aprendizado. Dentro desse contexto, as moleiras são partes ainda não ossificadas da cabeça e o seu fechamento normalmente não significa prejuízo para o cérebro. Em contraposição, existem diversas linhas no crânio que são muito importantes para o seu crescimento e chamam-se suturas.

Dessa sorte, o fechamento prematuro das suturas poderá levar à falha no crescimento daquele osso do crânio e a uma deformação da cabeça em uma doença chamada craniosinostose.

1) Meu filho tem a cabeça grande

Antes de se preocupar que a cabeça do seu filho está grande demais, saiba que o tamanho da cabeça, assim como a cor dos olhos e outras características corpóreas são definidos pela hereditariedade e que a posição do perímetro cefálico na curva de crescimento também é influenciado pelo tamanho da criança.

Antes de considerarmos tais crianças como doentes, fazemos a avaliação neurológica combinada com a ultrassonografia transfontanela utilizando aparelho de ultrassom portátil e visibilizando o cérebro através da “moleira” ou fontanela a fim de avaliar o aspecto do cérebro. Excluindo, dessa forma, doenças que cursam com o aumento da pressão no interior da cabeça como as hidrocefalias.

2) Sobre os tumores do cérebro

Os tumores ou neoplasias são lesões que surgem a partir de mutações nas células do próprio cérebro e que iniciam um crescimento independente do controle natural. O problema disso é que essa nova massa comprime e pode danificar o cérebro normal, gerando os sintomas.

Como o cérebro comanda as funções do corpo como movimento, pensamento e sensibilidade, os sintomas podem ser muito variados, desde leves e lentamente progressivos como dificuldade no caminhar até sintomas mais incapacitantes como dores de cabeça, vômitos e comprometimento da consciência.

Após o diagnóstico por meio de exames apropriados como tomografias do crânio e ressonâncias, o neurocirurgião pediátrico é acionado e incumbido de tratar da melhor forma, procurando restabelecer a saúde da criança e fornecer o diagnóstico correto da identidade do tumor para, após.

O tratamento cirúrgico visa a retirada máxima e segura do tumor. Isto é: O grau de ressecção ou remoção do tumor dependerá da sua relação com o cérebro normal e o risco de piorar as lesões neurológicas da criança.

O tratamento dos tumores cerebrais em crianças é uma luta contra um inimigo inicialmente desconhecido e que devemos nos cercar de todas as melhores armas, preparando-nos psicologicamente, adotando a melhor estratégia cirúrgica e cercando-nos de equipe multiprofissional adequada, para assim conseguirmos êxito.

3) Estou grávida e meu filho tem mielomeningocele. E agora?

A mielomeningocele é doença na qual não ocorreu o fechamento adequado da medula no primeiro mês da concepção (tal evento ocorreu provavelmente antes mesmo de você saber que estava grávida!) e, com isso, muitos eventos ocorrem com o feto no decorrer da gestação, podendo ocasionar lesões na medula, dos nervos que irão controlar a bexiga, intestino e, até mesmo prejudicar o fluxo da água que fui no interior do cérebro e com isso levar à hidrocefalia ou ao acúmulo anormal desse líquido.

O primeiro passo é seguir com a gestação sendo acompanhada pelo obstetra de confiança que avaliará conosco a possibilidade de ser realizada a cirurgia fetal para a correção desse defeito, uma vez que muitas lesões poderão ser minimizadas ou até evitadas com essa cirurgia.

Ainda que essa cirurgia não seja possível, estabelecer o contato com o neurocirurgião pediátrico é muito importante para que possamos planejar a intervenção cirúrgica nos primeiros dias após o nascimento e reduzir o risco do bebê ter infecção do sistema nervoso central.

Portanto, a sua informação e o melhor planejamento são a chave para oferecer a melhor chance para o seu filho(a) após essa notícia.

4) Quando devo me preocupar se uma criança bater a cabeça?

O trauma na cabeça pode ocorrer em muitas situações e o julgamento da gravidade é muitas vezes prejudicado por se subestimar a intensidade do impacto. Já que as crianças, especialmente aquelas menores de dois anos, possuem características que as tornam mais vulneráveis tais como maior proporção da cabeça com o corpo, menor consistência do cérebro e menor espessura do crânio.

Em primeiro lugar, devemos observar alguns critérios que nos dirão sobre o risco de haver uma lesão no cérebro e, com isso, se devemos levá-la ao pronto socorro para ser avaliada. Assim, os critérios são:

– Perda da consciência (Se houve desmaio após o impacto da cabeça) – Vômitos

– Mudança de comportamento (Muita euforia, por exemplo)

– Alterações da memória

– Dificuldade para andar e mover os braços.

Observar esses ítens é muito importante pois os exames disponíveis para avaliar os traumas na cabeça contém radiação ionizante que podem aumentar a chance em desenvolver tumores no cérebro.

Dessa sorte, procuramos evitar fazer tomografias desnecessárias e observar quando não há sintomas de gravidade.